Acordei com o miar dos gatos no telhado,
A
noite ia ainda jovem,
A
luz lunar infiltrava-se por entre os buracos dos estores,
E
eu entre a vigília e o sono ancorava no esquecimento.
O
teu corpo ao meu lado transpirava emoções
Dos
meus lábios brotavam sabores diversos, fantasias suspiradas
Os
amores soprados por quimeras perdidas
Embriagado
pelo teu olhar, afoguei-me no teu sorriso.
Virei
o corpo no mar de pétalas espalhadas nos lençóis
A
luz das velas marejava o silêncio tranquilo
No
copo o vinho tornou-se rubi,
Cor
de sangue do fogo que nos consumia
Naquele
abraço eterno alimentei as chamas
A
nossa solidão, uma ferida curada pela noite
Da
primeira luz derramada alimentei o prazer
Do
primeiro sangue oferecido alimentei a desgraça
E
quando ambos metal e carne se encontraram
Beijei
os teus lábios e provei a morte
Rasguei
o véu, abri o estore, deixei a lua entrar
Da
luxúria do desejo desabrocharam cumplicidades
Amarrei
a saudade à cama
Os
gatos já não miavam
Luna
havia partido
E
ambos metal e carne suspiraram um último adeus.
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