quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

LUNA


Imagem de https://pixabay.com/pt/users/bessi-909086/

Acordei com o miar dos gatos no telhado,

A noite ia ainda jovem,

A luz lunar infiltrava-se por entre os buracos dos estores,

E eu entre a vigília e o sono ancorava no esquecimento.

 

O teu corpo ao meu lado transpirava emoções

Dos meus lábios brotavam sabores diversos, fantasias suspiradas

Os amores soprados por quimeras perdidas

Embriagado pelo teu olhar, afoguei-me no teu sorriso.

 

Virei o corpo no mar de pétalas espalhadas nos lençóis

A luz das velas marejava o silêncio tranquilo

No copo o vinho tornou-se rubi,

Cor de sangue do fogo que nos consumia

 

Naquele abraço eterno alimentei as chamas

A nossa solidão, uma ferida curada pela noite

Da primeira luz derramada alimentei o prazer

Do primeiro sangue oferecido alimentei a desgraça

 

E quando ambos metal e carne se encontraram

Beijei os teus lábios e provei a morte

Rasguei o véu, abri o estore, deixei a lua entrar

Da luxúria do desejo desabrocharam cumplicidades

 

Amarrei a saudade à cama

Os gatos já não miavam

Luna havia partido

E ambos metal e carne suspiraram um último adeus.

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