sábado, 8 de fevereiro de 2025

ESPELHO DA MANHÂ



Escrevo com letras marcadas pela paixão

Na corrente apressada do tempo

Palavras perdidas de sentido e significado

Discursos feridos transcritos de corações gelados

 

Fiquei de olhos bem abertos

À espera da aurora daquele dia de Outono

O sol não voltou, fiquei petrificado na escuridão

Certo que tu não voltarias fechei a janela da esperança

 

Ficaram comigo os teus silêncios e perdas

As memórias vencidas pela crueldade do destino

Mergulhadas na frieza do orgulho

Afogadas nas correntes do medo

 

Escrevi com letras marcadas pelo amor

Frases escorreitas apanhadas em ventanias invernais

vi-me revolto num turbilhão de emoções

enquanto a noite morria, morria o meu conforto

 

senti o desconforto renascer em mim

uma ferida aberta que o tempo não ousou curar

vi no espelho da manhã

os mesmos olhos que me prenderam à vida

Bruno Carvalho

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