Um dia, alegria, riso, amizade, presença. No seguinte, silêncio, tristeza e lágrimas.
Vivemos num estado de impermanência
constante e nem sequer nos damos conta disso.
Parece que tomamos o futuro como
certo e com um facto adquirido e esquecemo-nos que a vida acontece agora, neste
momento.
De que vale todas as invejas, toda a
ganância, todo o egoísmo, toda a pressa, quando temos a morte à distância de um
suspiro?
Porque nos queixamos tanto em vez de
estar gratos pelo que temos mesmo que seja pouco?
Porque teimamos em poupar palavras
de afeto, de dar abraços, de beijar, de cantar e amar, quando nada nos pertence
nesta vida e tudo que foi dado pode ser retirado?
Não estamos no controlo das coisas e
não há problema nenhum, deixemos ir o que não nos faz falta, deixemos todos os
momentos mesquinhos que o ego nos impõe e vivamos, aqui e agora, no momento
presente que é um presente.
Que nos vale vivermos constantemente
para agradar os outros, negando o que somos, quando o silêncio apaga a alegria
de um sorriso?
Agarramo-nos à matéria como se ela
fosse a salvação do espírito e afastamos o espírito sobre a falsa definição de
ilusão, quando não é na matéria que reside a salvação, é no que não é tangível.
Corremos apressadamente atrás de
tudo que brilha e não reparamos que estamos a um passo apenas do túmulo.
Somos um sopro de impermanência, mas
na nossa vã loucura julgamo-nos imortais, quando o casulo for levado pela Deusa
Mãe só o espírito permanecerá.
Somos todos impermanentes, por isso
tentemos estar mais presentes, por nós, pelos outros pelo mundo.
O silêncio deu lugar ao silêncio, é
tempo de refletir, mas acima de tudo de viver e de estar gratos pelo que temos
e somos, agora é o momento!
Nas asas do espírito abracemos a
nossa natureza que somos todos parte de um mesmo todo, a morte relembra-nos da
importância do que é mesmo importante, por isso estejamos atentos, sejamos a
nossa melhor versão, certamente a Consciência do Mundo notará e se moldará às
pequenas transformações interiores.
E lembremos quem já se foi, que
largou o casulo da carne e é agora um espírito, que voa livremente nos dias e
nas noites que contemplamos com tanta devoção.
O momento é agora, nada há mais além
deste minuto e deste sopro que nos abraça tão apaixonadamente.
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