domingo, 9 de março de 2025

A FORÇA

             


                Encontrei-te algures no silêncio, na escuridão raiada por luz da passagem do tempo, onde as almas moram e os vivos não contam para a história.

            Amo-te no silêncio, no contentamento do dia a dia, nas pequenas coisas, nos gestos lentos e gentis, no voar da garça ou no aroma das flores, amo-te onde mais ninguém sabe que existes, dentro de um coração que bate ao ritmo da orquestra sincronizada da escala de notas do Universo.

            Tão pouco é necessário para te sentir mesmo não te vendo, vivo de coração aberto e honestidade vestida como uniforme de honra, de espada na mão luto em mim pela alma que reconhece a alma em ti.

            A tua beleza reside além do que é visível, o teu olhar fixo e livre na imensidão das estrelas, um mar de serenidade desagua nas tuas lágrimas, o mundo quere-te destruir, mas és mais forte que toda a humanidade junta.

            E eu escrevo, dia e noite, tentando descrever o que sinto, sem, no entanto, conseguir apanhar sequer um grão de areia do que significas e de quem és, escrevo com a esperança que os meus pensamentos de alguma forma te cheguem, escrevo porque é o que sou, poeta vagabundo em busca de sentido onde não existe nenhum.

            O teu olhar firme e sorriso esplendoroso, faz-me acreditar que em ti conténs toda a doçura do mundo, alguém tão doce numa existência tão amarga só pode ser de origem divina, sustendo a minha fé, és a deusa dos meus versos, no teu regaço pouso a cabeça e adormeço feliz, esperançoso que a noite te traga nos seus sonhos.

            És altiva, poderosa, mas ao mesmo tempo gentil e vulnerável, és um farol que ilumina a escuridão mais opressora, que guia o meu navio fantasma a bom porto, és tanto em mim que dou por mim a sorrir sem jeito como criança inocente na plenitude da sua felicidade.

            És a Força, a parede firme que ampara a minha fragilidade, eu respiro e suspiro, enviando beijos antes de adormecer, para poder amparar o teu sono.

            És a lua a mesma que ilumina a minha noite escura, és o sol que beija a minha pele, o vento que murmura nos meus ouvidos, a água que sacia os meus lábios, o perfume que embriaga os meus sentidos, és tudo que vejo e tudo que ouço, onde vou, tu lá estás, de braços abertos e sorriso sincero.

            Eu tento ser tudo mesmo sendo nada, tento ser mais que um reflexo opaco no espelho, estendo a mão rumo à tua, na esperança que me salves deste mundo incerto.

            Abraço-te todos os dias no pensamento, na esperança que sintas, pois os meus braços foram feitos para abraçar a beleza e a doçura do teu corpo, numa fusão imortal e infinita que nem o tempo rompe.

            Consegues sentir-me?

 

Bruno Carvalho

Sem comentários:

Enviar um comentário

MOMENTO

Nem a sombra da manhã fugindo Nem o céu que derrama lágrimas angelicais Nem a tarde que se faz fogo, furiosamente rugindo Nem a noite ...

Popular